domingo, 3 de outubro de 2021

Crônicas de Segunda na Usina: Auridan Dantas:

 



PAPANICOLAU – IV 

Entra na sala uma paciente de 40 anos, com doença mental severa, acompanhada pela mãe. Imaginemos que as sadias já entram tensas, nervosas, apreensivas e com medo, e no caso dessa? Ela já entrou com os olhos arregalados e dizendo o tempo inteiro: não, não, não!!!!! 
Correu a sala todinha e ficava encostada no canto da parede, com os braços fazendo escudo. Depois de muita conversa minha e de sua mãe, o povo lá fora reclamando da demora e eu já a ponto de desistir e pedir para ela voltar num dia mais calmo, já tendo visto como era a sala, já tendo tido esse primeiro contato comigo, iria remarcar. 
Para surpresa nossa, ela saiu correndo, deitou-se na mesa de exames, abriu os braços pendurados, olhou pra mim e disse: pode matar. 
Fiz o exame na tranquilidade. Pode???

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