quarta-feira, 22 de junho de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:



O ÉBRIO

Bebi! Mas sei porque bebi!... Buscava Em verdes nuanças de miragens, 
ver Se nesta ânsia suprema de beber, Achava a Glória que ninguém achava!
E todo o dia então eu me embriagava -- Novo Sileno, 
-- em busca de ascender A essa Babel fictícia do Prazer
Que procuravam e que eu procurava.
Trás de mim, na atra estrada que trilhei, Quantos também, 
quantos também deixei, 
Mas eu não contarei nunca a ninguém .
A ninguém nunca eu contarei a história Dos que, como eu, 
foram buscar a Glória E que, como eu, irão morrer também .


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