quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:


 



A DOR

Chama-se a Dor, e quando passa, enluta E todo mundo que por ela passa
Há de beber a taça da cicuta E há de beber até o fim da taça!
Há de beber, enxuto o olhar, enxuta
A face, e o travo há de sentir, e a ameaça Amarga dessa desgraçada fruta
Que é a fruta amargosa da Desgraça!
E quando o mundo todo paralisa E quando a multidão toda agoniza,
Ela, inda altiva, ela, inda o olhar sereno
De agonizante multidão rodeada, Derrama em cada boca envenenada 
Mais uma gota do fatal veneno!

Nenhum comentário:

Postar um comentário