quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 



060

Todo o animal da calma repousava, só Liso o ardor dela não sentia;
que o repouso do fogo em que ardia consistia na Ninfa que buscava.
Os montes parecia que abalava o triste som das mágoas que dezia; 
mas nada o duro peito comovia,
que na vontade d'outrem posto estava.
Cansado já de andar pela espessura, no tronco d'üa faia, 
por lembrança, escreveu estas palavras de tristeza:
«Nunca ponha ninguém sua esperança em peito feminil, que, de natura, 
somente em ser mudável tem firmeza».

Nenhum comentário:

Postar um comentário