À LUCÍLIA
Se eu pudesse ao luar, Lucília bela,
Queimar-te a fronte de insensatos
beijos,
Dobrar-te ao colo, minha flor
singela,
Ao fogo insano de eternais
desejos;
Ai! se eu pudesse de minh’alma
aos elos
Prender tu’alma enfebrecida e
cálida,
Erguer na vida os festivais
castelos
Que tantas noites planejaste,
pálida;
Ai! se eu pudesse nos teus olhos
turvos
Beber a vida da volúpia ao véu,
Bem como os juncos sobre as ondas
curvos
A chuva bebem que derrama o céu,
Talvez que as mágoas que meu
peito ralam
Em cinzas frias se perdessem
logo,
Como as violas que ao verão
trescalam
Somem-se aos raios de celeste
fogo!
Oh! vem Lucília! é tão formosa a
aurora
Quando uma fada lhe batiza o
alvor,
E a madressilva, que ao frescor
vapora
Os ares peja de lascivo amor...
Sou moço ainda; de meu seio aos
ermos
Posso-te louco arrebatar
comigo...
De um mundo novo na solidão sem
termos
Deitar-te à sombra de amoroso
abrigo!
Tenho um dilúvio de ilusões na
fronte,
Um mundo inteiro de esperanças
n’alma,
Ergue-te acima de azulado monte,
Terás dos gênios do infinito a
palma!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário