quarta-feira, 19 de maio de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:


A casa fantasma
A casa está morta?
Não: a casa é um fantasma, um fantasma que sonha
com a sua porta de pesada aldrava, com os seus intermináveis corredores
que saíam a explorar no escuro os mistérios da noite e que as luas, por vezes, 
enchiam de um lívido assombro...
Sim! agora
a casa está sonhando
com o seu pátio de meninos pássaros.
A casa escuta... Meu Deus! a casa está louca, ela não [sabe
que em seu lugar se ergue um monstro de cimento e [aço:
há sempre uma cidade dentro de outra



e esse eterno desentendido entre o Espaço e o Tempo.



Casa que teimas em existir a coitadinha da velha casa!

Eu também não consegui nunca afugentar meus [pássaros.


Nenhum comentário:

Postar um comentário