A ESTRANHA FESTA DO ZECA RADIKÚ
Júlio Motta
O Zé era só
o que sobrou das manhãs,
o Zeca furava na fila
furando a fila,
filando a cesta
na feira da sexta,
no vazio da rua,
cruzando com a mãe,
feito um incesto
com ela gritando,
ô Zeca, contigo eu ralho,
seu zecaralho!
mete a mão
furando o rabo da fila,
que a boia da xepa
tá correndo no chão.
O Zeca fazia as bocas, e
a karadikú nos beiços,
franzindo o cenho,
fingindo ser o senhor da razão,
na contramão do Zé,
a alegria que apostava
no santo do dia,
a sua folia,
de ser só o Zé,
que votou no primeiro,
no último,
derradeiro que saqueou
o preço no apreço
do direito,
de ser o zé,
sentado no asfalto,
vendo o assalto
de quem ele votou, e
voltou o riso,
na avenida comprida
sentado no meio fio,
sorriu com cara de bobo,
mas riu,
do seu jeito de ser,
do ser,
brasileiro,
Zéca Radiku,
feito um tatú,
furando o chão com a mão,
buscando os restos,
antes do grito ao ver na televisão
o golllllllllll!!
Sorriu o Zéka Radykú.
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