quinta-feira, 29 de julho de 2021

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Júlio Motta:

 


A ESTRANHA FESTA DO ZECA RADIKÚ

Júlio Motta

O Zé era só

o que sobrou das manhãs,

o Zeca furava na fila

furando a fila,

filando a cesta

na feira da sexta,

no vazio da rua,

cruzando com a mãe,

feito um incesto

com ela gritando,

ô Zeca, contigo eu ralho,

seu zecaralho!

mete a mão

furando o rabo da fila,

que a boia da xepa

tá correndo no chão.

O Zeca fazia as bocas, e

a karadikú nos beiços,

franzindo o cenho,

fingindo ser o senhor da razão,

na contramão do Zé,

a alegria que apostava

no santo do dia,

a sua folia,

de ser só o Zé,

que votou no primeiro,

no último,

derradeiro que saqueou

o preço no apreço

do direito,

de ser o zé,

sentado no asfalto,

vendo o assalto

de quem ele votou, e

voltou o riso,

na avenida comprida

sentado no meio fio,

sorriu com cara de bobo,

mas riu,

do seu jeito de ser,

do ser,

brasileiro,

Zéca Radiku,

feito um tatú,

furando o chão com a mão,

buscando os restos,

antes do grito ao ver na televisão

o golllllllllll!!

Sorriu o Zéka Radykú.

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