quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Valmir Jordão: Das Sombras e Solares:

  

Amanhecer no êxtase de um bode

Depois de um pós-monumental porre

E uma irritante voz

A desejar bom dia

Ignorando a tremenda mancada

Traduzida em mal-estar e epilepsia

Notícias de TV, cenas estúpidas

De baixarias e mediocridades

E no planalto,

Vários planos a nos arrebentar

Tráfico de drogas, de influências e

cumplicidade

Estado-positivo, governo-negativo

De um postal apresentando as capitanias

hereditárias

Que ainda cultivam

Essa wave-norte-américa-otária!

E cai a tarde, réus, vítimas em juízos

A deformar toda dignidade

E você sonha com a felicidade

Dizia o triste que a tristeza é bela

E o solitário: solidão é fera

Entre mendigos, shoppings e absurdos

Produz-se tudo com arbitrariedade

Consolidando o corporativismo

E as conseqüências são coincidências

A despistar

E as evidências ecoam na noite

Um escândalo, um homicídio

A distrair os corações urbanos

E a destruir a ilusão dos vândalos.

Depois cigarro, good night, um tapa

Noturna láctea birinaite atômico

Nas avenidas cruéis, embates anacrônicos

Epidemia rima com cólera, malária

E consumismo sub-reptício

Legitimando o desejo canalha

Que ainda cultiva

Essa wave-norte-américa-otária.

JORDÃO, Valmir

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