domingo, 7 de agosto de 2022

Crônicas de Segunda na Usina: Auridan Dantas: A VIAGEM DOS SONHOS:


Quando alguém “ajunta” um “mói” de beradeiros, tem certeza que vai ter muita coisa para contar. Ainda mais se esse “ajun- tamento” for para passear de buggy na beira-mar. 
Ora, se matuto só é acostumado com jumento, jipe e caminhão, e no máximo na beira de rio, como é que se quer fazer esse povo dirigir buggy no meio das dunas, andar de balsa para travessar rio e rodar o dia todo? 
Pois é, essa turma se danou no mundo, para ir de Natal a Touros pela beira-mar, em três buggys. 
Ia tudo bem, até que foi necessário sair da beira-mar e pegar uma estrada estreita e de terra batida. Uma das ma- dames estava sentada na tampa do motor de um dos buggys, e a tal da saída de banho inventou de “enganchar” na correia do motor. Resultado: torou tudo. 
Para completar a “munganga”, outro buggy furou um dos pneus grandes, quase na mesma hora. A situação ficou caótica, pois estávamos em uma estrada estreita, no meio do sol e com dois carros em pane. 
No caso do carro com a correia quebrada, a decisão foi de tentar levá-lo à cidade mais próxima, pois se presumia que dava certo. E deu. O carro conseguiu chegar à vila da Praia de Caraúbas. O problema é que numa cidade do interior que se preza só tem um mecânico, e em dia de sábado, ainda mais ao meio-dia, ele já está totalmente embriagado. Não deu outra. Quando conseguimos encontrá-lo, o famoso “Ruela” já estava só o pito. Mas deixamos o carro assim mesmo, pois ele prome- teu que quando ficasse sóbrio ia dar uma olhada. E olhe que nós estávamos esperançosos de que ele ficasse sóbrio. Será? 
Já no caso do pneu furado, a história ficou cômica. Um buggy tinha pneu step, mas não tinha chave de roda e nem macaco. Outro buggy tinha a chave de roda, mas não tinha step e nem macaco. E o que estava quebrado só tinha um macaco todo enferrujado. 
Na areia e com um macaco desse modelo, não tinha o que fazer. A sorte foi que ia passando um caminhão com aquelas pedras grandes que chamamos de “xexo”, e jogou duas delas no chão, na tentativa de nos ajudar. E olhe que nós es- távamos travando a passagem, pois a estrada era estreita. Mas, conseguimos afastar o buggy, e eles passaram. 
Com este “xexo”, conseguimos trocar o pneu, e prosse- guir viagem em dois carros. Uma turma ficou na vila, enquanto fazíamos o trajeto de duas vezes em um dos carros. 
Na volta a Natal, tinha que ser à noite, pois se a Polícia Rodoviária nos parasse, ia ficar todo mundo, devido ao “excelente” estado dos equipamentos dos carros (quando tinha). 
O serviço de “Ruela” foi tão bem feito, que na vol- ta ficamos na seguinte situação: o buggy da frente era o do conserto de Ruela, e estava vazando um óleo “amuado”, mas tinha farol funcionando. O que ia ao meio, que eu dirigia, não tinha farol, e tinha que ir atrás desta porcaria. Eu não via nada, porque o para-brisa estava cheio de óleo, e quando colocava o rosto de lado, eram os meus óculos que ficava cheios de óleo. O último era o melhorzinho, mas não podia furar o pneu, pois não havia mais step. 
Resultado: tivemos sorte, pois conseguimos chegar a Natal, mas ficamos com a plena certeza que ser bugueiro não é para qualquer um, ainda mais se for um beradeiro desligado.


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