quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Alphosus Guimarães: Cisnes Brancos V:



Cisnes brancos, cisnes brancos,
Porque viestes, se era tão tarde?
O sol não beija mais os flancos
Da montanha onde morre a tarde.
O cisnes brancos, dolorida
Minh’alma sente dores novas.
Cheguei à terra prometida:
É um deserto cheio de covas. Voai para outras risonhas plagas, 
Cisnes brancos! Sede felizes...
Deixai-me só com as minhas chagas, E só com as minhas cicatrizes. 
Venham as aves agoireiras,
De risada que esfria os ossos...
Minh’alma, cheia de caveiras, Está branca de padre-nossos. 
Queimando a carne como brasas, Venham as tentações daninhas, 
Que eu lhes porei, bem sob as asas, A alma cheia de ladainhas.
O cisnes brancos, cisnes brancos, Doce afago de alva plumagem! 
Minh’alma morre aos solavancos Nesta medonha carruagem...

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