quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca: VELHINHA:

 


Se os que me viram já cheia de graça Olharem bem de frente para mim, Talvez, cheios de dor, digam assim:

"Já ela é velha! Como o tempo passa!..."

 

Não sei rir e cantar por mais que faça! Ó minhas mãos talhadas em marfim, Deixem esse fio de ouro que esvoaça! Deixem correr a vida até ao fim!

 

Tenho vinte e três anos! Sou velhinha! Tenho cabelos brancos e sou crente... Já murmuro orações... falo sozinha...

 

E o bando cor-de-rosa dos carinhos Que tu me fazes, olho-os indulgente, Como se fosse um bando de netinhos...

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