CAPELA
.
.
Estourou a Capela
o Paraíso
ruiu por terra
.
Anjos despencaram
dos candelabros
Partiram-se,
em cristais singelos.
O dedo de Deus
manchou-se de Adão
Maria? Enamorou-se
e finalmente foi feliz
.
Longe e perto
sem nenhum aviso prévio
ou profecia apocalíptica,
estourou a Capela.
O Paraíso,
ruiu por terra
.
Ruiu pela Terra, o Paraíso
Despencou suave
Como uma fruta
.
Caiu sem luta,
a Capela,
tão frágil e bela
como uma mulher apaixonada
que enfim se entrega
.
.
Estourou a Capela
como uma gruta
que se abre ao amor vertigem
sem vergonha de não ser mais virgem
.
E os homens de boa vontade
e de boa vizinhança
gritaram, em tom-milagre
e sem mais trombetas:
.
! Estourou a Capela
O Paraíso
Ruiu por terra!
.
e uma nova humanidade brotou dos
escombros
e dos joelhos dos fiéis
ergueram-se mulheres plenas
e homens eretos
.
.
.
José D’Assunção Barros
[publicado em Caleidoscópio, vol.4,
nº2, 2020]
https://periodicos.unb.br/.../article/view/34676/30467
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