quinta-feira, 21 de abril de 2022

Sexta na Usina: Poetas da Rede: José D’Assunção Barros:


 

CAPELA

.

.

Estourou a Capela

o Paraíso

ruiu por terra

.

Anjos despencaram

dos candelabros

Partiram-se,

em cristais singelos.

O dedo de Deus

manchou-se de Adão

Maria? Enamorou-se

e finalmente foi feliz

.

Longe e perto

sem nenhum aviso prévio

ou profecia apocalíptica,

estourou a Capela.

O Paraíso,

ruiu por terra

.

Ruiu pela Terra, o Paraíso

Despencou suave

Como uma fruta

.

Caiu sem luta,

a Capela,

tão frágil e bela

como uma mulher apaixonada

que enfim se entrega

.

.

Estourou a Capela

como uma gruta

que se abre ao amor vertigem

sem vergonha de não ser mais virgem

.

E os homens de boa vontade

e de boa vizinhança

gritaram, em tom-milagre

e sem mais trombetas:

.

! Estourou a Capela

O Paraíso

Ruiu por terra!

.

e uma nova humanidade brotou dos escombros

e dos joelhos dos fiéis

ergueram-se mulheres plenas

e homens eretos

.

.

.

José D’Assunção Barros

[publicado em Caleidoscópio, vol.4, nº2, 2020]

https://periodicos.unb.br/.../article/view/34676/30467

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