Entre as mães que ficaram chorando, nenhuma, porém, chorava tanto, como a velha Maria Inácia, mãe do João Vicente. Pobre, vivendo menos do trabalho do que do amor daquele filho, era ele tudo na sua vida obscura. Quando o capitão passara pela vila, tomando o nome aos rapazes, tinha ela mais uma filha e um filho. O filho havia morrido e a filha casara-se. E, a partir desse dia, João Vicente, o mais novo, se tornara o seu tesouro e o seu mundo.
Era um rapagão forte, claro, vistoso. Alegre e brincalhão, passava as noites em festas e serenatas, fazendo sonhar as moças do lugar. Exímio tocador de violão, não havia noite de lua que ele não a atravessasse acordado, indo cantar e tocar, com outros, companheiros de infância e de mocidade, nas proximidades dos prédios em que havia raparigas bonitas. E os dias, passava-os em casa, ajudando a mãe a tratar da chácara pequena, ou a ensaiar modinhas chorosas para as distrações boêmias da noite.
Por isso mesmo, por vê -lo criança, infantil, aos vinte anos, era que a mãe sentia mais a sua falta. Pessoas amigas haviam-lhe dito, que, tratando-se do filho único, lhe seria fácil conseguir a sua dispensa do serviço militar; de tal maneira, porém, o João Vicente se opusera a essa idéia, ameaçando até de a abandonar na sua velhice sem arrimo de coração, que a mísera se viu na contingência de sufocar o choro da alma, deixando-o partir, animoso, galhardo, risonho, entre as palmas das moças, e o soluço comovido das outras mães.
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